Ações práticas para promover a equidade nas empresas
A desigualdade racial no mercado de trabalho brasileiro é um reflexo de uma sociedade estruturada no racismo e na hegemonia branca. Apesar de 56% da população brasileira se autodeclarar negra, […]
A desigualdade racial no mercado de trabalho brasileiro é um reflexo de uma sociedade estruturada no racismo e na hegemonia branca. Apesar de 56% da população brasileira se autodeclarar negra, essas pessoas continuam sendo minoria em cargos de liderança e nas posições mais bem remuneradas. Dalila Bordignon e Manueli Tomasi, psicólogas e professoras universitárias da FSG – Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG), destacam a importância de ações práticas para mudar esse cenário.
O primeiro passo, segundo elas, é a conscientização das lideranças, já que consumidores e trabalhadores estão cada vez mais atentos aos discursos e práticas das empresas. Além disso, políticas de equidade racial e diversidade são estratégias essenciais para atrair e reter talentos, impactando positivamente na inovação e na criatividade dentro das organizações.
Entre as ações sugeridas pelas especialistas estão a realização de um censo interno para identificar o perfil dos colaboradores, a criação de metas de inclusão com percentuais mínimos de pessoas negras em cargos de liderança, e a implementação de mentorias e grupos de afinidade para capacitação desses profissionais.
“Contratações afirmativas, treinamentos sobre racismo e microagressões, além da revisão de políticas corporativas com foco na inclusão, também são medidas recomendadas”, explicam.
No contexto do Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro como feriado nacional pela primeira vez na história em 2024, Dalila e Manueli enfatizam que iniciativas pontuais, como palestras, devem ser acompanhadas de políticas estruturadas e contínuas.
“A criação de canais de denúncia de discriminação, a alocação de orçamento específico para ações inclusivas e a revisão de processos em áreas como comunicação e cadeia de suprimentos são exemplos de práticas que podem ser adotadas”, explicam.
Para as psicólogas, romper com o “pacto da branquitude”, conceito da pesquisadora Cida Bento, é essencial para superar barreiras históricas que favorecem a exclusão de pessoas negras em posições de destaque.
“As organizações precisam reconhecer seus privilégios e assumir um papel ativo na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. O futuro será plural e antirracista, e as empresas que abraçarem essa transformação estarão preparadas para os desafios de um mercado cada vez mais atento às questões de diversidade”, concluem.